População reclama de vandalismo em carros no arquipélago







Prefeitura diz que Ilhabela não terá GCM e prevê ainda para este ano o início da Gratificação por Desempenho de Atividade Delegada, o que deve aumentar em 30% o número de policiais nas ruas
Thereza Felipelli


No último feriado prolongado, diversos moradores e turistas tiveram seus carros vandalizados em Ilhabela. Somente na Vila, foram informados sete casos à reportagem. Segundo as vítimas, os vândalos riscaram a lataria, quebraram os vidros, e, em alguns casos, não chegaram a levar nada. “Infelizmente parece que a polícia está de férias”, disse uma moradora.


Um turista, morador de São Paulo, que não quis se identificar, teve dois vidros de seu carro quebrados e seu aparelho de GPS roubado, além de um casaco e óculos de sol, entre 1h e 5h da última quinta-feira, a 100 metros da Vila, na Avenida Dana German, na Vila, região onde está localizado o Centro Histórico da cidade. “Além de furto aparenta vandalismo”, reclamou ele, que comentou que um amigo passou pela mesma situação também na Vila, atrás da Câmara Municipal.


“Acabei descobrindo que isso é bem frequente na ilha, infelizmente”, lamentou. “A polícia, a Prefeitura e o Governo deveriam tomar uma atitude, pois isso afeta toda economia da ilha. Muitos deixarão de vir à ilha se isto continuar ocorrendo. É uma pena. Afeta todas as pousadas, restaurantes e comércio. Tenho amigos que já tiveram as casas no entorno do campo de aviação inúmeras vezes assaltadas. Inclusive uma família que eu conheço traz seguranças quando visitam a ilha, olha que absurdo”, completou.


“A coisa está virando moda. É comum ver à noite, próximo à cabine da PM na Vila, adolescentes passando drogas também. Enquanto algumas pessoas acharem que a culpa está somente na falta de ação do governo federal e esquecerem que o municipal já deveria ter sua Guarda Civil Municipal (GCM) e o Estado, responsável pela PM, vir seu quadro diminuído ano a ano, o problema irá se agravar ainda mais”, comentou Maurício, 48 anos, ex-morador da Vila. “Saí da Vila devido ao abuso de som e baderna que ali ocorre”, lamentou.


“A culpa e a responsabilidade estão em vários lugares: na educação (ou falta dela), nas drogas, falta de polícia, no desemprego. Enquanto buscamos culpados e responsáveis , a violência e o vandalismo continuam. Responsáveis somos todos nós , e culpados de uma certa forma também, mas isso não acaba com o problema, principalmente para uma cidade que vive de turismo e que com esse tipo de vandalismo afugentará cada vez mais seus turistas e consequentemente criará cada vez mais desempregados que, consequentemente, poderão também juntarem se aos criminosos por não terem o que comer”, desabafou a proprietária de um restaurante na Vila, Márcia Crellin. “O que solucionaria a longo termo seria um país justo com oportunidades iguais para todos. Enquanto isso não rola o que faremos? Policia circulando pelo menos mantém os marginaizinhos atuais em casa ou em outras bandas onde não exista policia”, completou.


Ainda de acordo com Márcia, o comentário de turistas é que “dá medo andar na rua do Píer da Vila à noite”. “Me perguntaram outro dia se estava tendo algum evento ‘funk’ na Vila, pois a rua estava cheia de adolescentes estranhos com comportamento mais estranhos ainda”, comentou.
Uma cantora da cidade também teve o vidro do seu carro arrebentado na quinta-feira, na frente do estabelecimento onde se apresentava, na Vila, a poucos metros da base policial. “Mais dois músicos tiveram seus carros riscados na vila há algumas semanas atrás, por puro vandalismo”, diz um dos gerentes da Casa.


Segundo informações extra-oficiais, a Secretaria de Segurança do Estado, ao ser questionada pela prefeitura sobre a possibilidade de aumento do efetivo, tem como resposta que não há número de habitantes suficiente (menos de 50 mil) e que o índice de criminalidade aqui é baixo se comparado com outras cidades, além de ressaltar que a população ilhéu vive “no paraíso”.


O que diz a Prefeitura?
Com relação ao questionamento sobre uma possível GCM, a Prefeitura de Ilhabela disse não ter nenhuma previsão de implantá-la em razão do custeio da estruturação e manutenção deste serviço. O policiamento ostensivo e preventivo é constantemente cobrado pela Prefeitura, que disponibilizou a estrutura de monitoramento com mais de 20 câmeras de segurança, além de auxílio para manutenção de veículos, construção de posto policial, entre outros. A Prefeitura prevê ainda para este ano o início da Gratificação por Desempenho de Atividade Delegada, o que deve aumentar em 30% o número de policiais nas ruas. A administração também tem cobrado frequentemente o aumento do efetivo policial para a cidade junto ao Governo do Estado.


Quanto ao volume do som dos carros, a assessoria de imprensa também informou que recentemente foi sancionada a Lei Complementar nº 996/2013 à Lei nº 529/2007 (Código Municipal de Posturas). De autoria da Prefeitura, a legislação prevê que é proibido perturbar o bem-estar e o sossego público ou de vizinhança com ruídos, barulhos, sons excessivos e incômodos de qualquer natureza, e que ultrapassem os níveis de intensidade sonoros superiores aos fixados no Código e legislação pertinente. Os carros e equipamentos de som serão apreendidos em caso de descumprimento da lei, além de multa de R$ 1 mil.


Foto: Divulgação

Comentários

Postagens mais visitadas