Abertura das propostas para construção de teleférico é suspensa por tempo indeterminado




Concorrência está sendo feita pela terceira vez; novamente a empresa Migliorini Artes, já habilitada para a obra, foi a única que compareceu
Thereza Felipelli


A abertura das propostas das empresas que participaram da licitação para a exploração e a prestação do serviço de teleférico no Parque das Cachoeiras, na Água Branca, em Ilhabela, que seria realizada ontem, foi suspensa por tempo indeterminado. A medida atende a uma solicitação do Ministério Público (MP) de Ilhabela para análise do licenciamento ambiental.


A concorrência está sendo feita pela terceira vez. As duas primeiras licitações foram canceladas no ano passado, uma por ordem do Ministério Público e outra em razão de questionamentos do Tribunal de Contas do Estado.
Antes de ser suspensa, a única empresa que mais uma vez foi qualificada para o serviço foi a Migliorini Artes, de Pindamonhangaba. Outras duas teriam participado da licitação, segundo o proprietário da vencedora, Irineu Migliorini. “Compareceu mais uma empresa na vistoria técnica. Uma outra também participou, mas na abertura só apareceu a nossa, acho que não tinham os documentos necessários”, comentou.


“Tenho experiência sim”
O fato de a descrição no site www.miglioriniartes.com.br dizer que a empresa vencedora é especializada em “planejamento, desenvolvimento e implantação de projetos confeccionados em gesso, resina, fibra de vidro e carbono, madeira, poliuretano e argamassa de cimento” tem levado alguns moradores a questionar a qualificação da empresa para tal obra.


Irineu Migliorini, proprietário da empresa que leva seu sobrenome, garante que trabalhano ramo de teleféricos há 40 anos. Segundo ele, a empresa fabrica usinagem, máquinas, teleféricos, plataformas e elevadores. “Como sou artista plástico, trabalho com monumentos, estátuas gigantes, não trabalhamos com peças de gesso”, explicou.


Migliorini, que diz representar firmas estrangeiras no Brasil, garante que o teleférico de São Bernardo do Campo, em São Paulo, foi sua empresa quem fez. “Começamos nas montagens do de Campos do Jordão também, onde fazemos manutenção constantemente, depois passamos a fabricar teleféricos. Minha empresa é a única habilitada no Brasil para a construção de teleféricos”, garantiu o dono da empresa que está se sentindo prejudicado com “comentários maldosos” na mídia que questionam a idoneidade de sua empresa. “Assim que terminar essa fase tomaremos providências”, avisou.


Por que MP?
Ainda de acordo com Migliorini, todo o entrave na licitação foi causado pelo Observatório Social, que na primeira licitação pediu que o processo fosse avaliado pelo Ministério Público.
O documento inicial chegou a ser alterado no ano passado, por recomendação do MP, que acolheu algumas sugestões dadas pelo Observatório, ONG formada por 16 entidades representantes da sociedade civil no arquipélago. “Já tem aprovação da Cetesb, do Meio Ambiente, estamos qualificados, agora só falta o MP liberar”, disse Migliorini, que disse já ter investido mais de R$ 300 mil nesse teleférico. “Tive problemas na análise do solo, topografia, projeto. A torre de partida vai ficar muito bonita. Só de arquitetos, engenheiros e análise já gastei uma fábula”, comentou o dono da empresa vencedora, que acrescentou ainda que “a tecnologia que temos hoje não são duas ou três pessoas que vão barrar”.

Comentários

Postagens mais visitadas