Moradores reclamam de mau cheiro e fogo em “bota-fora” da Água Branca





Prefeitura diz estar viabilizando licitação para contratar empresa que vai processar e destinar este tipo de resíduo de podas, de maneira que o material seja manejado da melhor forma possível
Thereza Felipelli


Moradores do entorno do aterro sanitário da Água Branca não aguentam mais o mau cheiro e os constantes focos de incêndio que vem ocorrendo no local, conhecido como “bota-fora”, que recebe restos de poda, troncos de madeira, plástico, latas, papel, papelão, entre outros, da Prefeitura e de particulares, que pagam para depositar o lixo ali.
Segundo Ubirajara Roberto, motorista, 48 anos, que mora próximo ao local, a falta de um respiro no solo gera a formação de gases que causam o cheiro ruim. “O lixo apodrece e forma um gás que pega fogo sozinho, esse ‘bota-fora’ está muito mal planejado, vive pegando fogo e tem muita gente passando mal, comprando inalador pra conseguir respirar”, comentou ele, que informou que no último domingo pegou fogo no local por volta das 13h30. “Chegou fumaça até no Perequê”, disse.


Ainda segundo ele, no dia 30 de maio também ocorreu um incêndio no local de madrugada. “As labaredas estavam altas. Ligamos pros Bombeiros, que nos disseram que não podiam apagar porque o gás mantinha as chamas e não adiantava jogar água”, contou o morador, que frisou que a situação se arrasta há cerca de 10 anos.
A moradora Célia Regina Ramos Soledade, 59 anos, também está inconformada com a situação. “É uma fumaça horrorosa, meu marido é alérgico, minha neta tem bronquite, vive todo mundo doente aqui, minha mãe tem 83 anos. Além da fumaça, é uma poeira, uma lama que desce, fica um nojo. Quando chove é um horror”, reclamou.


Segundo ela, o problema se agravou recentemente. “Não sei o que houve, acho que a vegetação que dava uma amenizada no cheiro deve ter pegado fogo. No final da tarde é insuportável, dá vontade de voar de Ilhabela, sem exagero nenhum. Um pessoal aqui fez um abaixo-assinado que será entregue à Prefeitura. Como fica a saúde da gente? Até quando vamos aguentar? Tenho vaporizador e inalador pra minha neta”, complementou a moradora, que destacou ainda que, quando chove, o lixo lá de cima também desce para a rua de sua casa. “O cheiro é de podridão, não dá pra receber ninguém no final da tarde aqui”, lamentou.
O vizinho de Célia, Edvaldo Ferreira, compartilha da reclamação. “Também tenho uma filha com problemas respiratórios e usamos inalador e umidificador”, contou.
Segundo Ubirajara Roberto, uma máquina trabalha no local 10 horas por dia a cerca de R$ 200 a hora. “Quanto isso dá o mês todo? Acho que com o que estão gastando com isso dava pra contratar um especialista em aterro sanitário e resolver o problema com menos grana, não?”, perguntou.


Providências
Segundo a Prefeitura, no último domingo houve de fato um princípio de incêndio em uma pilha de resíduo de podas. No mesmo dia, o Corpo de Bombeiros foi acionado e prestou o devido atendimento juntamente com o caminhão-pipa da Prefeitura. Na segunda-feira pela manhã o foco foi totalmente debelado com a utilização de uma retroescadeira da Prefeitura que colocou diversas camadas de terra e revolveu todo o material com água até o fogo se extinguir totalmente.
Atualmente a Prefeitura de Ilhabela está viabilizando um processo de licitação para contratar uma empresa que vai processar e destinar este tipo de resíduo de podas, de maneira que o material seja manejado da melhor forma possível.


A Polícia Ambiental foi até o local e averiguou a situação, porém constatou que a equipe da Secretaria do Meio Ambiente já havia contralado o foco e tomado as providências cabíveis. O Diretor de Licenciamento Ambiental, Daniel Vilela, explica que a decomposição de toda matéria orgânica gera muito calor e o fogo surge por combustão espontânea, ou seja, o fogo não foi ateado propositalmente. O odor descrito pelo morador é característico do metano, que é a substância que compõe a maioria dos gases expelidos pela matéria orgânica em decomposição.


Foto: Thereza Felipelli

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