Transpetro assina convênio para inclusão digital na Ilha de Búzios







Na última sexta-feira, a Transpetro esteve na Ilha dos Búzios para a assinatura do convênio com o Comitê pela Democratização da Informática (CDI)
Thereza Felipelli


As 15 crianças entre 7 e 14 anos estudantes da Escola Municipal de Porto do Meio, que fica na Ilha dos Búzios – uma das três que formam o município e o Parque Estadual de Ilhabela –, passarão a contar, no início do ano letivo de 2014, com uma unidade do Comitê pela Democratização da Informática (CDI), que será instalada em uma sala do colégio e equipada com sete modernos computadores portáteis, tipo laptops, e uma infraestrutura avançada de conectividade. Na última sexta-feira, a Transpetro esteve na Ilha dos Búzios para a assinatura do convênio com o referido Comitê. Os adultos do local – a maioria caiçaras tradicionais que sobrevivem, principalmente, da pesca artesanal – também serão beneficiados com a novidade. Eles poderão participar, nos horários de contraturno da escola, de uma programação especial em atividades envolvendo a tecnologia.
Com pouco mais de 100 famílias, sendo 42 na comunidade de Porto do Meio, Búzios possui poucas nascentes que a abastecem com água doce e a luz das casas é proveniente de energia solar, conquistada há cerca de um ano. Lá não há praia, apenas um costão rochoso com reentrâncias. Dois píeres feitos de bambus e cordas dão acesso ao Porto do Meio, o que só é possível quando o mar não está revolto. E só é possível chegar ou sair pelo mar, o que favorece um quase isolamento, que, segundo uma das líderes da comunidade, Benedita Aparecida Leite, conhecida como Dona Ditinha, é bom em muitos aspectos, exceto pela falta de comunicação. Ela, que também é presidente da Colônia de Pescadores Z-6, ajudou a construir o projeto de inclusão digital, com ideias e mobilização da comunidade.Filha de duas antigas famílias de ilhéus – agricultores e pescadores dos Búzios, e artesã habilidosa, Ditinha diz que não sabe mexer em computador, mas gostaria muito de aprender.
“As crianças estão mais por dentro, mas o sinal aqui é muito pouco. Por isso, acho que a sala do CDI vai ajudar bastante, inclusive para as professoras. Isso é muito bom. A colônia está abraçando essa parceria com a Transpetro, que vai ajudar as duas partes, a empresa e a comunidade, principalmente os pescadores artesanais, aqueles que vivem mesmo da pesca, que tiram o sustento diretamente do mar”.


Pioneirismo
Na sexta-feira, o convênio foi assinado por Cláudio Francisco Negrão, que está à frente do programa de Responsabilidade Socioambiental da Transpetro, e Thiago Nascimento, responsável pela área de Desenvolvimento Institucional da ONG. O evento contou com as presenças do diretor das escolas tradicionais de Ilhabela, Adriano Leite da Silva, e de Dona Ditinha, que organizou a solenidade e mobilizou a comunidade.
Esse será o 781º espaço de inclusão digital implantado pelo CDI, que é uma das organizações sociais mais premiadas do mundo e tem apoio de entidades como a Unesco e a Unicef. Atuando desde 1995, já capacitou mais de um milhão e meio de pessoas em 13 países, incluindo Brasil, Estados Unidos, Argentina, Venezuela, Inglaterra, Chile, Espanha e Portugal.
“Esta é a primeira experiência numa ilha e é um desafio trazer essa tecnologia pra cá, acho que será de grande valia para a comunidade”, declarou Nascimento, que contou que já tem experiência com comunidades indígenas isoladas na Região Amazônica. “Acredito que isso facilitará o trabalho na Ilha dos Búzios, que tem uma cultura bastante singular”, completou.
“Desde o primeiro contato com a Dona Ditinha tentei entender como nos dias de hoje pouco se investe nas comunidades tradicionais. A Transpetro tem uma grande preocupação de inserir essas pessoas socialmente, melhorar a qualidade de vida deles, para que possam, inclusive, adquirir mais conhecimento das atividades que desenvolvem, e possam se comunicar com o mundo”, declarou Negrão.
Adriano Leite fez questão de comentar a conquista: “Agradeço a Transpetro por essa parceria com a Prefeitura para inserir aqui um Centro de Democratização da Informática, primordial num lugar tão distante para o protagonismo juvenil e resgate dos valores do caiçara. Estou muito emocionado por estar aqui trazendo mais qualidade de vida para este povo que merece ter um olhar diferenciado e outra visão de mundo”.


Como vai funcionar?
Após a aquisição e instalação dos equipamentos, o CDI iniciará a capacitação das duas professoras da escola. Neide Maria de Souza deverá atuar na mobilização da comunidade, procurando despertar o interesse pela educação digital. Já Silvania Pereira de Oliveira, que tem nível básico de informática, foi identificada como uma possível disseminadora dos conteúdos e da metodologia do CDI.
“Nossa, a gente nem acredita. Nos13 anos que trabalho na comunidade já vi muitos projetos que acabaram não acontecendo. É uma alegria saber que agora é de verdade”, comemorou Neide, que trabalha com as crianças da turma de Fundamental 1. “Isso vai ajudar muito no processo de aprendizagem. Vai colocar as nossas crianças mais em contato com o mundo, aumentar o interesse pela escola. Se, com todas as dificuldades, já estou aqui há 13 anos, agora vou é ficar mais 13.”
A professora Silvania, que lida com a turma de Fundamental 2, já faz planos para o próximo ano letivo também. “Será muito bom contarmos com ferramentas modernas de apoio às aulas. Estamos realmente precisando da internet. Aqui, só contamos com ferramentas arcaicas, que são o papel, o lápis, o quadro. Mensalmente, vou à cidade e me atualizo, faço pesquisas, coloco no pen drive. Mas agora teremos isso aqui mesmo, no dia a dia. Vai ser ótimo. Isso vai mexer com o nosso plano de trabalho, para melhor. Estou muito feliz.”
No curto espaço de dois meses, este é o segundo convênio de cunho social firmado pela Transpetro no Litoral Norte paulista.


Foto: Jorge Mesquita/ IL

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