Estrada Parque dos Castelhanos passa a ter limite de 167 veículos por dia
Nova Portaria permite um número máximo de 122 veículos por dia
Thereza Felipelli
Novas normas de operação da Estrada Parque dos Castelhanos começaram a vigorar no último sábado. Agora, é permitido o acesso de apenas 167 veículos por dia, sendo 65 jipeiros cadastrados no Parque Estadual de Ilhabela (PEIb), 42 veículos particulares e 60 motocicletas (que ocuparão espaço equivalente a 15 carros no estacionamento).
Tais normas são transitórias e a Portaria Normativa Definitiva será publicada em janeiro do ano que vem, após apresentação e definição junto ao Conselho Consultivo do Parque Estadual de Ilhabela. Mais de 25 reuniões públicas foram realizadas este ano para discutir as regras da estrada e a necessidade de limitar o número de veículos que trafegam no Parque e acessam a comunidade da praia dos Castelhanos, visando garantir maior segurança aos usuários, minimizar impactos ambientais no Parque Estadual e na comunidade, e garantir a sustentabilidade da atividade turística.
A limitação não se aplica aos veículos dos moradores das comunidades tradicionais da Baía de Castelhanos, que serão devidamente identificados pelo PEIb. Quando a capacidade de carga máxima diária for atingida, o turista tem a alternativa de contratar o serviço de um jipe credenciado pelo PEIb para fazer o passeio pela Estrada e acessar a Praia dos Castelhanos.
O horário de funcionamento da estrada continua o mesmo: Das 8h às 14h para ir sentido Praia dos Castelhanos e das 15h às 18h para voltar. Outras regras devem ser observadas, como o limite de velocidade de 30 km/h e a proibição de trânsito com pessoas na caçamba de veículos, entre outras normas comuns ao código de trânsito, como não dirigir alcoolizado.
Segundo a gestora ambiental Gilda Nunes, conselheira do Parque Estadual, a limitação se dá em função da área disponível para estacionamento de veículos. “Os carros não poderão estacionar na praia, aliás isso já é proibido por lei”.
Elaboração participativa
A elaboração do Plano de Operação vem sendo construída de forma participativa, no âmbito do Conselho Consultivo do Parque, pela Fundação Florestal, com o DER, e com a participação de representantes de outros conselhos municipais e de seguimentos interessados, tais como: Prefeitura Municipal, Comunidade de Castelhanos, ONGs, Jipeiros, Hotéis, Agências turísticas, moradores de Ilhabela, Defesa Civil, Bombeiros, Câmara de Vereadores e PM Ambiental.
Maioria dos frequentadores de Castelhanos é favorável à limitação
A maioria dos frequentadores de Castelhanos é favorável à novidade. “Eu sou totalmente favorável à restrição do número de veículos E de pessoas. O Parque tem uma capacidade, a praia tem uma capacidade. O sistema sanitário tem uma capacidade. É respeitar e ponto”, comentou a arquiteta Isabella Rusconi.
O caiçara Thiago Motta, estudante, concorda com a maioria dos pontos, mas acredita que limitar o acesso ao caiçara local é “uma absurda falta de bom senso”.
Já o engenheiro químico Maurício Grimaldi, 48 anos, ressalta que as regras devem ser bem claras antes de qualquer medida a fim de evitar abusos e benefícios somente a alguns. “É preciso avaliar de todos que lá residem, quantos realmente são caiçaras nativos no local e quantos são migrantes, posseiros, donos de terras e outros. Além disso, é preciso saber quanto essa restrição vai impactar o turismo da ilha como um todo, quantos e quem serão aqueles que serão agraciados explorando as poucas vagas de acesso e a que preço, qual seria o montante a ser investido para se ter estrutura adequada, mão de obra qualificada a coibir abusos de forma a manter o local adequado e com acesso mais pessoas sem impactar algumas pessoas que sobrevivem lá desse fluxo de pessoas, e avaliar qual a melhor forma alternativa de acesso ao se retirar os veículos a fim de não ficarmos nas mãos de uma empresa privada ou de grupos que vão explorar esse acesso”.
O professor Christian Rocha, 40 anos, acredita que precisa ficar claro e organizado se o objetivo é preservar a Baía de Castelhanos ou apenas a estradinha. “É bem comum e fácil o Estado criar restrições com as melhores intenções e a coisa se tornar o estopim para a criatividade humana, o que, no fim das contas, piora a situação. Restrições desse tipo podem incentivar jipes maiores e o acesso via barco/lancha”, destacou.
A jornalista Bruna Campos acredita que esta é uma medida mais que necessária. “Mas também achei super desnecessário e um crime grande parte da reforma da estrada, principalmente o desmatamento que fizeram próximo ao rio. E se não tomarem mais medidas infelizmente Castelhanos vai se destruir, aliás, as pessoas que vão destruir o local. Dá muita pena de pensar que aquele paraíso pode acabar. Pior é saber que isso pode acontecer. Na minha opinião o progresso é necessário, mas não desta maneira, a qualquer custo. E é mais que notável que a população local não está contente”.
O radialista Flávio Gonçalves gostou da medida. “Eu acho bom, pois preserva o lugar”.
Há também quem seja contrário. “Achei o cúmulo. Caiçaras têm que ter passe livre. Virou a máfia do jeep”, disse o professor de educação física Dennis Simões.
Jipeiros
Segundo o coordenador do Grupo de Trabalho (GT) focado na Estrada Parque, Marcelo Batista de Oliveira, a maioria dos jipeiros concorda com a limitação e se preocupa com a preservação do local, além do seu próprio trabalho.
Ele, que também é proprietário de um receptivo turístico, conta que esse projeto de limitação de veículos à Praia de Castelhanos é antigo. “Já se pretende há tempos arrumar a estrada e implantar uma forma de controle de acesso de veículos. Já temos trabalhado e montado parcerias. O projeto do parque de forma geral é até do GT, pra que Castelhanos não seja destruída. Precisamos.manter o local preservado e não urbanizar tanto, e essa limitação vai ajudar bastante”. (T.F.)
Mais informações no site: http://fflorestal.sp.gov.br/2013/12/26/portaria-normativa-ff-n-199-2013/
Foto: Jorge Mesquita/ IL
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