Pedestres Reclamam de Más Condições na Balsa







Melhorias na balsa são uma demanda da populaçãoJorge Mesquita



Prioridade aos carros no embarque e falta de bancos estão entre as queixas

Thereza Felipelli

Muitos pedestres usuários do sistema de travessia de balsa entre São Sebastião e Ilhabela estão indignados com a prioridade dada aos veículos durante a embarcação desde o final do ano passado. O Tamoios News entrevistou algumas pessoas que aguardavam a travessia do lado de Ilhabela, e muitos reclamaram da medida implantada pela Dersa (Desenvolvimento Rodoviário S/A).


"Sempre entramos primeiro na balsa e agora é diferente. O mais ridículo é que, na hora de desembarcar, a maioria dos carros não espera todos os pedestres saírem e acaba saindo todo mundo junto", disse o empresário Juvenal Rodrigues.


"Acho muita falta de consideração com o pedestre isso de deixarem os carros entrarem primeiro. Não era assim antes", comentou o estudante Guilherme Martins, 20 anos.


"Algumas balsas nem têm onde a gente sentar. Já vi colocarem barras de trânsito para o pessoal sentar, ao invés de bancos, um absurdo. Sem contar que todas as balsas deveriam ter um banheiro pelo menos", completou Martins.

Aglomeração

O também estudante Rodrigo Barbosa, 23 anos, disse que muitas pessoas acabam sentando no chão da balsa por não ter bancos disponíveis. Ele acredita que outro problema é a falta de liberdade dentro da balsa. "Precisamos ficar naquele espaço, independente da quantidade de gente. Quando tem show, por exemplo, fica muita aglomeração e o espaço fica muito pequeno, todo mundo se espremendo", reclamou.


Desde que foi instalado, o espaço com correntes para separação de carros e pedestres vem sendo alvo de muitas reclamações dos que atravessam a pé, ou mesmo daqueles que preferem sair do veículo durante a travessia.


"Essas áreas de segurança sempre existiram nas balsas aqui, mas nunca foram uma obrigação para os pedestres. E ainda temos que dividir o espaço com os ciclistas", ressaltou a vendedora Joana Pereira, 33 anos. "Acho engraçado nós termos que cumprir essa regra e os veículos não cumprirem outras, como não deixar o carro ligado para o ar-condicionado funcionar. Nunca vi ninguém confirmando se os carros estão engrenados também, que sei que é uma exigência", acrescentou.


O fato de não poder ter liberdade na travessia também incomoda turistas que vêm de carro para o arquipélago. "A gente não pode nem fazer fotos fora do carro", reclamou a cabeleireira Maria José Oliveira, 45 anos.


"Por que, então, não colocam umas janelas nessa área pra gente poder pelo menos ter um passeio mais gostoso?", questionou a promotora de eventos Solange Gonçalves Lopes, 50 anos, que veio passar férias na cidade com a família.

"Nos últimos dois anos temos presenciado a 'adequação' dos serviços de travessia realizada pela Dersa. As adequações visam o atendimento às normas internacionais de segurança, mas o que vem ocorrendo na realidade é que os pedestres que utilizam deste único meio de acesso ao município de Ilhabela têm sofrido com pioras no serviço", disse Francisco Michelino, 34 anos, fiscal de posturas na Prefeitura de São Sebastião, que desde 2013 vem tentando intervir para mudar essa situação, entrando em contato com a Ouvidoria da Dersa, Ministério Público, Marinha e Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo.


Michelino também denunciou a diminuição dos bancos nas balsas em 75% e comentou que as balsas estão sucateadas e que emitem gases de combustão em demasia, prejudicando a saúde tanto dos usuários, quanto dos funcionários.


"A questão chegou a ser levada a Promotoria de Justiça, mas o processo encontra-se arquivado atualmente", disse ele, que já mandou email para a Corregedoria do Ministério Público sobre a questão do arquivamento.




Segundo Michelino, o capitão Marcelo Sá, delegado da Capitania dos Portos, respondeu recentemente seus questionamentos por email, dizendo, entre outras coisas, que a ordem de entrada na balsa foi uma sugestão e não uma determinação, com o intuito de evitar que, no momento em que os veículos estivessem em movimento, entrando na balsa, não houvesse a interferência com passageiros, a fim de resguardar a integridade física dos mesmos e facilitar a contagem de passageiros, além do que os pedestres não precisariam sofrer com os gases tóxicos eliminados pelos veículos que estariam sendo estivados a bordo, caso entrassem antes dos veículos.

Bancos

Quanto à retirada dos bancos, Sá respondeu a Michelino que nunca houve nenhuma determinação da Marinha para retirá-los; inclusive, em reuniões com a Gerência de Operação da Dersa, ele sugeriu a manutenção dos mesmos, tendo em vista a existência de deficientes físicos, idosos, crianças, estudantes. A Norma diz que devem existir bancos, mas não cita quantos, motivo pelo qual Sá informou que não pode obrigá-los a realizar tal alteração.

Michelino comentou ainda outras questões que ainda não foram resolvidas, segundo ele. "Muita gente fica presa dentro do carro porque não consegue abrir a porta quando a balsa está lotada. Além disso, os horários não são mais cumpridos, apesar de ter cinco balsas em operação", disse ele, que aproveitou para questionar: "Essas balsas são de 1942, teremos alguma balsa nova? Quando?"

Questionada, a Dersa informou que as balsas da travessia São Sebastião x Ilhabela encontram-se em perfeitas condições para atender aos usuários, dentro de padrões adequados de qualidade e segurança. "Desde 2011, a Companhia já investiu R$ 270 milhões na modernização do sistema. A travessia São Sebastião foi contemplada neste programa e hoje possui frota de sete embarcações, sendo duas novas (FB-29 e FB-30), adquiridas em 2012, e cinco (FB-11, FB-18, FB-25, FB-Valda II e FB-20) reformadas e modernizadas entre 2011 e 2014".


Além disso, segundo a Dersa, todas passam por manutenção preventiva programada, são vistoriadas com frequência e possuem certificação homologada pela Autoridade Marítima.

A Dersa informou ainda que mantém canais de contato para dúvidas, críticas, sugestões e reclamações por meio de sua Ouvidoria. E-mail: ouvidoria@dersa.sp.gov.br e telefone 0800 72 66 300. Horário de funcionamento: segunda a sexta-feira, das 9h às 17h.

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