Proibição de sacolas e copos plásticos foi tema de audiência pública



Na última quinta-feira (28/3), a Câmara de Ilhabela recebeu os munícipes para a Audiência Pública sobre os projetos de lei 95/2018 e 96/2018, que visam a proibição das sacolas e copos plásticos, não biodegradáveis. Segundo o vereador Luiz Paladino (PSB), os projetos promovem mais do que uma imposição, buscam a conscientização e a preocupação com o local onde vivem. “Todo mundo fala que nós queremos melhorar o nosso mundo, o nosso estado, a nossa cidade, todo mundo quer um ponto de ônibus bacana coberto, mas na hora que você coloca na frente da sua casa, você não quer o ponto. Você tem que entender que nós temos que mudar”, iniciou o vereador.

De forma crítica Paladino questionou a falta dos comerciantes e também do governo, especialmente de representantes da secretaria da educação. “Se não existe uma política educacional, os jovens que são os novos fiscais, a gente vai ficar enxugando gelo, então eu queria apresentar um projeto educacional antes de uma proibição. Eu sinto falta [da participação da secretaria de educação] eu vou falar com a Salete pra falar com a Ana Paula que é a Secretária da Educação e passar essa informação adiante, porque temos que construir esse exército, que são 8 mil alunos na rede pública que tem que saber disso aqui e entender”, afirmou.

Vereadores Luiz Paladino (PSB) e Gabriel Rocha (SD), secretária do meio ambiente, Salete Magalhães e o fiscal Alexandre Baptista

O vereador Gabriel Rocha (SD) também questionou a falta de representantes dos comércio.”Tenho certeza que é um ação para o futuro da nossa cidade. Infelizmente, não vi ninguém da Associação Comercial aqui, eu sou comerciante e acho que tem um impacto, sim, no comércio. A gente tem que se preparar, tem que saber como vai ser feito. A Kika deu uma ótima opção para as sacolas do mercado. A gente tem que pensar no futuro”, enfatizou.

Kika Campos, do Movimento Bandeira Verde

O Movimento Bandeira Verde foi representado por Corina Bremer e Kika Campos, que pediu a palavra para dar uma ideia em substituição às sacolinhas do mercado. “Isso poderia ser um projeto para o Fundo Social desenvolver com o apoio da prefeitura de fazer as sacolas de pano, pode até ter a logo de Ilhabela, porque se o turista vem e acha legal, leva. E fazer uns kits de saquinhos de pano com um voal dentro que leva 2 minutos. Há meios de ajudar”, sugeriu.

Durante as apresentações a bióloga Monique Tayla, do Instituto Argonautas, afirmou que o maior destaque de lixo em Ilhabela é próximo ao bolsão de embarque da balsa. “Essa praia é um caso bem peculiar, que a gente encontra muito lixo diariamente, e maior quantidade são copos plásticos, a gente consegue identificar quais são os lixos que vem da maré e o que é um lixo descartado e utilizando naquele momento”, afirmou.

De acordo com Tayla, o plástico passou a ser parte da nossa cadeia alimentar através do consumo de peixes que ingerem micropartículas de plásticos. “A gente ainda não sabe o quanto essa poluição química dos plásticos vai afetar o organismo dos seres humanos”, explicou.

Ricardo Benedicto, do Meu copo Eco

Ricardo Benedicto apresentou uma sugestão de copo para substituir os plásticos utilizados em comércio. “Os copos reutilizados, devolvidos dentro desse conceito calção, voltam para nosso centro de higienização, passam por uma higienização e esterilização, num processo de autoclave, lavagem industrial”, explicou.

Mara Loft voluntária da Sea Shepherd, ONG ativista de preservação dos mares, também trouxe dados mundiais sobre o descarte do plástico. “Mais de 9 milhões de toneladas de plásticos são descartadas nos Oceanos por ano, matando mais de 1 milhão de animais marinhos. Então não afeta só a nossa vida. Os animais marinhos também tem sofrido de forma avassaladora”, informou.

A Secretária do Meio Ambiente, Salete Magalhães, também apresentou dados sobre a produção e descarte do material, mas também buscou explicar como a proibição de sacolas fornecidas pelos mercados seria diferente em relação a compra de sacos de lixo. “Eu acho que quando você compra saco de lixo, você tem mais cuidado, porque quando você pega uma sacolinha, bota duas coisinhas e descarta”, em parte da resposta para uma munícipe.

Ainda sobre o assunto, o vereador Luiz Paladino informou que pela fragilidade muitas pessoas ainda pegam mais sacolas para acondicionamento dos produtos. “Eu não sei do percentual, mas parece que 85% das sacolas plásticas no litoral é de supermercado, aquelas brancas. Você não vê as pretas, porque quando você compra, trata aquele tipo de sacola de forma diferenciada. Essa é uma parte do ciclo, nós temos que primeiro romper a barreira do costume. Segundo, é o passo que vai entrar a política da secretaria do meio ambiente, depois da proibição, a montagem das cores corretas para descarte. Esse é o futuro”, explicou o vereador, retornando ao programa da secretaria do meio ambiente sobre a identificação do lixo descartado através das cores.

Maria Inês Fazzini, assessora técnica da Fundação Florestal

A assessora técnica da Fundação Florestal, Maria Inês Fazzini, sugeriu utilizar tambores para descarte de lixo em todo o município como forma de implementar a ideia do “plástico zero”. Paladino afirmou que essa possibilidade precisa ser feita pelo executivo com as demandas, mas a pergunta é como fiscalizar isso.

Nessa mesma questão, Alexandre Baptista, da fiscalização, relembrou da situação do código de posturas que exige que todo lixo seja ensacado, não permitindo que seja disposto de outra forma. “Se a gente não mexer no código de posturas, não conseguimos resolver essa questão. Hoje, por lei o lixo tem que ser ensacado, se colocar em tambor, o lixo não será levado pelo caminhão”, informou.

Paladino concluiu a audiência pública agradecendo a presença das poucas pessoas que participaram. “Quero finalizar minha fala, dizendo que não é um projeto 95 ou projeto 96, na verdade é o que nós estamos rompendo aqui, temos que entender que estamos rompendo algumas coisas, temos que bater de frente. E isso é fundamental. Nós vamos aprovar, dar um tempo de seis meses para todos se adequarem. Aprovando iremos fiscalizar. Essa audiência pública é fundamental para o projeto, faz parte do processo de aprovação. Então quem está aqui, faz parte desse projeto”, conclui.

A falta de participação dos comerciantes foi um dos questionamento dos vereadores

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