Graffiti pela Água conclui intervenção inédita de arte e sustentabilidade na capital paulista
A ponte inteiramente grafitada: mais de 1,2 mil m² e 55 metros de extensão
Divulgação
Grafites em ponte da Sabesp com cerca de 1200 m² de área e três chaminés de equilíbrio no Rio Pinheiros traduzem a preservação ambiental em forma de arte; projeto está pronto para novos desafios
Transformar um rio urbano em marco da preservação da água, fonte de vida e esperança. Fazer do discurso ambiental algo impactante e, ao mesmo tempo, acessível, para além da ciência e da militância. O projeto Graffiti pela Água deu um passo decisivo nessa direção e parte agora para uma nova etapa, traduzindo em arte urbana as fronteiras da sustentabilidade.
Quem passa pela Marginal Pinheiros na zona oeste de São Paulo, artéria das mais movimentadas dessa capital, se depara agora com o uma ponte de 55 metros de extensão e três enormes estruturas metálicas (chaminés de equilíbrio) inteiramente grafitadas com desenhos que chamam a sociedade para cumprir o seu papel na causa da água, a mais urgente entre as bandeiras ambientais.
O projeto Graffiti pela Água é uma iniciativa de Rodrigo Cordeiro – nome por trás dos principais eventos sobre água e saneamento que acontecem no país – e do artista urbano Gamão – figura altamente identificada com essa temática que transformou a indignação com as enchentes em Taboão da Serra, na região Metropolitana de São Paulo, em ação, usando como linguagem a arte de rua.
O empresário e o grafiteiro reuniram um grupo identificado com as questões urbanas mais urgentes. Dezesseis artistas urbanos de várias regiões entregaram no último dia 27 de junho a primeira ponte inteiramente grafitada de São Paulo, cedida pela Sabesp, bem próxima à Ponte Cidade Universitária, conduzindo uma adutora da empresa.
Ao som do melhor Hip Hop, esse grupo, flutuou sobre o rio e suas margens graças a uma estrutura de engenharia do tamanho desse sonho. Um técnico de segurança presente em tempo integral, supervisionou todo o trabalho, em duas plataformas motorizadas elevatórias que alcançavam quase a totalidade da ponte, semelhantes às escadas dos caminhões de bombeiros.
A maior cidade brasileira acompanhou esses artistas com sprays rolos, cintos e capacetes escrevendo com mil litros de tinta e 1,5 mil tubos de spray (produtos sustentáveis) um gigantesco manifesto a céu aberto. Carros diminuíam a velocidade para ver surgir nas chaminés de aço imagens como a de uma criança de olho atento para a preservação do rio, cheia de graça, cores inusitadas e um toque psicodélico irresistível.
A mídia testemunhou o feito em mais de uma centena de matérias, entre as quais 12 menções em redes abertas de rádio e TV, com cerca de 8 milhões de pessoas impactadas. Os registros ganharam ainda mais força com as redes sociais e o testemunho visual de pessoas comuns que não perderam a oportunidade de registras os grafites.
Para Rodrigo Cordeiro essa é uma forma de dialogar com o cidadão de São Paulo com uma linguagem artística e visual que complementa tudo o que técnicos e acadêmicos alertam há tanto tempo. “Por meio da arte, tocaremos o coração das pessoas despertando o sentimento de pertencimento com a água e com o Rio que é parte da nossa cidade e da nossa vida”, afirma. Gamão chama a atenção para a necessidade de vencer o imobilismo quando o assunto é preservar o ambiente. “Precisamos da sociedade conosco nessa luta”, alerta.
Essa fase do projeto contribuiu para a consolidação do Programa Novo Rio Pinheiros, uma iniciativa do Governo de São Paulo que visa despoluir o Rio Pinheiros reintegrando o rio à rotina da cidade até 2022, tornando o seu entorno uma área de turismo e lazer. A Sabesp, patrocinadora do Grafitti pela Água, é o eixo de saneamento desse esforço.
O Graffiti pela Água pretende percorrer as demais cidades brasileiras, afinal engajar a sociedade com o tema é missão desse projeto que acrescenta à pauta ambiental um discurso urbano, contemporâneo e urgente para a preservação do mais importante recurso natural do planeta.
O Brasil é um dos signatários dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU. Isso significa que, entre outras metas, nosso país se comprometeu a até 2030, aumentar substancialmente a eficiência do uso da água em todos os setores, com retiradas sustentáveis, combate a escassez, apoio e fortalecimento da participação da comunidade, para melhorar a gestão hídrica e de saneamento.
Diante da crise hídrica que se anuncia, a sociedade precisa entender o seu papel, evitando o desperdício e a poluição. Esse projeto comprovou em uma das maiores megalópoles do planeta que é possível levar essa mensagem para qualquer canto do País, com a única linguagem universal, capaz de sensibilizar todos os atores sociais: a arte.
Assim como a Sabesp, o projeto segue ao encontro de outros players sintonizados com as práticas ESG (Environmental, Social and Governance), sigla que traduz um conjunto de valores cada vez mais decisivo para a performance das empresas diante de um mundo em transformação responsável e sustentável, em todos os aspectos.
RODRIGO CORDEIRO
É graduado em Administração de Empresas pela PUC-SP e pós-graduado em Administração e Organização de Eventos pelo SENAC. Sucedeu seu pai na Acqua Eventos, vendida em 2014 para o Grupo MCI, onde o executivo ocupou o cargo de Diretor de Congressos e Feiras de Negócios até 2019. Foi o vencedor do Grande Prêmio do Prêmio Caio na Categoria Eventos nos anos de 2015, 2016 e 2017. Organizou mais de 1000 eventos associativos e corporativos; nacionais e internacionais; de médio e grande porte, entre eles, o 8º Fórum Mundial da Água, no qual ocupou o cargo de Diretor Operacional e conquistou o Prêmio Colaboração da IAPCO - International Association of Professional Congress Organisers. Foi Presidente do MPI – Meeting Professionals International e atualmente ocupa o cargo de CEO da NESTY’ Dados, Comunidades, Digital e Conteúdo.
RODRIGO DIAS, O GAMÃO
Grafiteiro, microempresário e presidente do coletivo Raxa Kuka Produções. O Coletivo nasceu em 2011, com o intuito de promover a cultura hip hop nas comunidades, através da educação e conscientização da responsabilidade social dentro dos bairros onde atua em projetos sociais, tendo como carro-chefe o grafite. Gamão aposta na diversidade da cultura urbana como ferramenta transformadora da sociedade. O coletivo abriga o projeto Grafitti contra Enchente, iniciativa de alcance internacional que já mobilizou centenas de grafiteiros na luta contra essa chaga sempre aberta nas periferias das grandes cidades.
ÁGUA
Mais de 70% da superfície do planeta é coberta com água. Dito dessa forma, parece um recurso inesgotável, mas não é. Mais de 97% da água da Terra está nos oceanos. A água doce corresponde a menos de 3% desse volume e as calotas polares concentram quase 70% do total. Aquíferos, lagos e rios – como o Pinheiros e o Tietê - abrigam o restante.
São Paulo está entre as poucas megalópoles do planeta que possuem um patrimônio natural como esse. Mesmo mantendo uma relação de hostilidade com a cidade e seu povo (com enchentes e o tradicional mal cheiro) esses rios têm um potencial transformador para a cidade e sua geografia.
Os peixes, aliás, voltaram a nadar no Pinheiros e seu processo de limpeza caminha a passos largos, surpreendendo o paulistano que volta a sonhar com um rio limpo e navegável, em um futuro próximo.
Preservar os rios, preservar a água é, cada vez mais, uma questão de sobrevivência da espécie humana, portanto um compromisso universal – das sociedades, governos, organizações, de cada pessoa no planeta.
Imagens relacionadas
Chaminé de equilíbrio grafitada na Marginal Pinheiros, zona oeste da capital paulista.
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Chaminé de equilíbrio grafitada na Marginal Pinheiros, zona oeste da capital paulista.
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