ONG quer a proibição e circulação de caminhões nos finais de semana e feriados

Instituto Ilhabela Sustentável lançou um abaixo-assinado que pode ser votado pela internet, para levar a problemática à Câmara e ao Executivo; turismo é a motivação

Mara Cirino

As dificuldades de locomoção pela única via de acesso de Ilhabela nos finais de semana e nos feriados prolongados levaram o Instituto Ilhabela Sustentável a elaborar um abaixo-assinado digital que visa a proibição e circulação de caminhões, nesses períodos, pelo arquipélago. Uma das justificativas é que a falta de espaço prejudica o turismo, que é o principal produto do município.
O presidente da Organização Não Governamental (ONG), Georges Henry Grego, disse que se conseguir a assinatura de pelo menos 10% dos eleitores ou em torno de 2 mil, fará a entrega na Câmara dos Vereadores e ao prefeito Toninho Colucci para que seja tomada alguma providência.
“Na alta temporada fica mais complicado dividir a única via com os caminhões e a cidade é dependente do turismo, que fica prejudicado”, afirma Grego. Ele observa que a proposta é proibir o tráfego de caminhões entre o final da sexta-feira (ou véspera de feriado prolongado) até o início da manhã da segunda-feira (ou o primeiro dia útil após o feriado prolongado).
Esta propositura já esteve em pauta em 2009 quando o ex-vereador e atual diretor de Trânsito de Ilhabela, Marcelo Santos e o parlamentar Jadiel Vieira, o Keko, apresentaram projeto e realizaram uma audiência pública que gerou polêmica. Por pressão, ela foi arquivada e assim permanece.
Só no trecho sul da Ilha são 41 quilômetros de estrada estadual (SP-131), concedida pelo Departamento de Estradas e Rodagens (DER) ao município, sendo elas estreitas, com vários declives e curvas acentuadas, e sem acostamento,
Ao saber da proposta, Santos ficou exultante. “Não somos igual Brasília que cresceu planejada. Ilhabela não tem acostamento e estacionamento e esta questão de circulação de veículos deve ser repensada”.
Conforme ele, o último levantamento realizado por seu departamento há seis meses apontou que a cidade tem 10.250 veículos cadastrados entre carros, motos e caminhões. Em 2009 eram cerca de 7.700 veículos.
Para Marcelo Santos, só não houve acordo na audiência passada porque muitos moradores e comerciantes que entendem a necessidade de melhorar o tráfego, não compareceram, ficando apenas o pessoal contrário à proposta.
Um desses, que preferiu não se identificar, ressaltou a falta de estacionamento na cidade, o que inviabiliza e prejudica na hora de descarregar uma carga. “Não acho certo querer proibir o tráfego na cidade porque o problema não é no final de semana, mas a falta de alternativa”, disse o caminhoneiro que alegou ainda não ter veículo de passeio e caso necessite levar alguém ao médico, por exemplo, em um sábado, ficaria impedido.
Na avaliação do proprietário do Supermercado Frade, Gabriel Silva, se a restrição for apenas com relação à entrega de mercadorias nos finais de semana, não vê problemas, mas se ficar proibida a circulação de veículos na cidade, a situação é mais complicada.
“Tenho clientes que trabalham durante a semana e suas compras só podem ser entregues quando estão em casa. Meu caminhão tem condições de carregar 80 caixas, se usar alguma alternativa menor, cai para 15, o que inviabiliza o serviço”, destaca.
O prefeito Toninho Colucci destacou a necessidade de se avaliar essa problemática com calma. “Nossa vontade nem sempre é possível de ser executada. Temos de estar atentos que Ilhabela tem sua atividade econômica e é preciso avaliar essa questão com calma”. 

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