Cidade se prepara para implantação de linha de transporte aquaviário





Ilhabela já conta com píeres na Vila, Perequê, Praia Grande e Engenho D’Água; os do Portinho e Ponta Azeda serão entregues em breve
Thereza Felipelli


A Prefeitura de Ilhabela vem investindo na construção de píeres ao longo da cidade, que deve receber, em breve, uma linha de transporte aquaviário, o que pode vir a ser uma alternativa de transporte diário para muitos moradores, além de transporte de turistas ao longo do arquipélago.
Segundo o prefeito Toninho Colucci (PPS), a ideia é alcançar um número suficiente de píeres para abrir uma concessão que irá viabilizar a alternativa de transporte na cidade. Nos últimos anos, a Prefeitura construiu dois píeres. Além dos píeres da Vila e do Perequê, a cidade passou a contar com o píer da Praia Grande e o do Engenho D’Água. Outros dois ainda serão entregues no sul, no Portinho, e no norte, Ponta Azeda.
O Píer do Portinho será entregue em breve, pois está praticamente concluído. Dentro de três meses, o Píer da Ponta Azeda, que está em fase de execução das estruturas em concreto armado, também deve ser concluído. O valor do investimento em cada píer é de cerca de R$ 500 mil dependendo do local.
Existe ainda a perspectiva de implantar outros píeres nos seguintes pontos: Veloso, Cabaraú e Frades, no sul, e Siriúba e Ponta das Canas, no norte.
Em setembro deste ano, o prefeito Toninho Colucci (PPS) entregou uma proposta para a reurbanização da entrada da cidade, que fará parte do projeto da Dersa para o novo atracadouro das balsas, já com o sistema de gavetas, que facilita a atracação das embarcações mesmo em dias de mau tempo. Serão dois berços de atracação e os pedestres contarão com um píer de uso exclusivo, embarcações separadas dos veículos e com uma nova estrutura de abrigo para a permanência durante a espera.


Para dar sequência a essas melhorias, um programa da reurbanização da entrada da cidade foi projetado pela prefeitura visando integrar os diferentes modos de transporte nas proximidades, com um novo terminal de ônibus, novo terminal de táxis, calçadas, ciclovia e futuramente o sistema hidroviário, além de um novo receptivo voltado aos turistas.
Ainda segundo o secretário de Obras, o engenheiro Flávio Miranda, a perspectiva é que futuramente quem chegar no atracadouro da balsa possa se locomover para os píeres de norte a sul por meio de transporte coletivo hidroviário.


O que pensa
o povo
Os moradores de Ilhabela aprovam um novo meio de transporte, mas se preocupam com as formas e consequências de sua implementação. “Acho a iniciativa ótima, se for de boa qualidade e não causar impacto e nem rastros de óleo e poluição nas nossas praias”, disse a empresária Marcia Crellin.
O estudante Kim Axel Borgström, 19 anos, também é favorável. “Acredito ser esse um meio de transporte que deve sim ser investido na cidade e que só tem a trazer benefícios se feito de maneira transparente e com uma empresa qualificada, tanto aos moradores quanto aos turistas”.
Para o também empresário Marcelo Freitas Carlos, 43anos, a hidrovia não precisaria se restringir a Ilhabela. “Pode incluir Caraguá e São Sebastião, se existir algum atracadouro confiável”, comentou.


O advogado José Roberto Campos, 30 anos, acha a ideia do táxi-boat um início interessante, pois não depende de prévias obras. “A coisa sempre para na sua viabilidade financeira. E eu também acho que quem deve conduzir é a iniciativa privada e sem exclusividade”, destacou.
O engenheiro mecânico Flávio Vicentini lembrou que o ex-vereador Erick Pinna Desimone apresentou um Projeto de Lei na legislatura passada que versava sobre a regulamentação do serviço aquaviário no arquipélago. “A ideia era que não houvesse concorrência desleal com os jipeiros por alguma empresa vinda de fora, que acabasse com eles aqui”, comentou. “Em Búzios e várias cidades do Nordeste funciona, e muito bem, esse tipo de transporte, principalmente por ser uma iniciativa privada sem manipulação dos governos municipais”, acrescentou.
O ex-vereador Pinna também comentou o assunto: “Na verdade a ideia do projeto era abrir uma concessão para a exploração da malha viária, como transporte público, desafogando a avenida principal e dando qualidade em transporte para a população. Já que foi gasto um bom dinheiro fazendo píer público, nada mais justo do que reverter isso para o povo. Infelizmente os vereadores da época não votaram, pois eu era da oposição”.


Audiência
Em decorrência do projeto de Pinna, uma audiência pública foi realizada para discutir o assunto em maio do ano passado. Na ocasião, a maioria dos presentes era representante do meio turístico, nos segmentos de táxis, jipes, vans, agências de turismo e setor náutico, que se demonstraram preocupados com a possível implantação do novo meio de transporte, manifestando opiniões favoráveis e contrárias, além de dar sugestões para uma melhor elaboração do projeto.
O representante do setor náutico na ilha, Marco Ferrara, explicou que o canal é bem abrigado na maior parte do tempo, mas também se torna muito ruim em determinadas condições, e embarcações grandes talvez não sejam adequadas para atracação nos píeres e o ideal sejam embarcações como as que já operam, que são lanchas rápidas, botes infláveis, com capacidade para até 12 pessoas.


Representando os jipeiros, Eduardo Sandt Pessoa Filho – que já trabalhou em Búzios, no Rio de Janeiro, cidade com grande concentração de taxi-boats – garantiu que a população não usa esse serviço, por ser muito caro. “O povo não tem condições de pagar entre R$ 15 e R$ 20 reais todos os dias para se locomover. Pelo que parece vai acabar virando transporte turístico e roubar uma fatia do pão, que já é pequeno, com outras 150 famílias”.
“O principal problema da Ilha em breve será mobilidade. O transporte aquaviário é a nossa saída”, opinou na ocasião o presidente da Loja Maçônica de Ilhabela, James Aboud.


Foto: Jorge Mesquita/IL

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