Em resposta à Moção, Casa Civil diz ter terminado obra inacabada no conjunto CDHU do Reino
Reforço na estrutura das caixas d`água deve ser iniciada hoje; expectativa é concluir todo sistema em cerca de 60 dias
Thereza Felipelli
A ex-vereadora Lia Baiana, de Ilhabela, contestou na última semana uma resposta enviada pela Casa Civil do Governo do Estado de São Paulo a uma Moção de Apelo de sua autoria – aprovada em março do ano passado – na qual solicitava providências necessárias à conclusão da obra de individualização dos hidrômetros do Condomínio da Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano (CDHU) do Reino, região central da cidade. No documento, o superintendente de Obras da CDHU, o engenheiro Humberto Schmidt de Oliveira, afirma que o serviço já foi concluído e que as primeiras contas de água individualizadas devem ser entregues aos moradores a partir deste mês.
Ainda de acordo com o engenheiro, “problemas de integração entre o sistema de aquecimento solar e o sistema de individualização de água causaram grande atraso na implantação das contas individuais da água”, e após um longo período de testes a solução encontrada foi o levantamento das caixas d’água, serviço que, segundo ele, teria sido iniciado em novembro de 2013 e finalizado em janeiro de 2014.
No entanto, em visita ao local, a ex-vereadora constatou que a obra continua parada e que a individualização dos hidrômetros ainda não foi realizada. A reportagem esteve no local juntamente com Lia e conversou com algumas das 80 famílias residentes no conjunto habitacional, que esperam pelo término desse serviço desde 2010, quando a obra foi iniciada.
A conta de água dos moradores da CDHU do Reino é dividida pelos seis blocos e os moradores chegam a pagar mais de R$ 100 por mês por família.
De acordo com os moradores, o material para a instalação e levantamento das caixas d’água chegou em outubro do ano passado, mas teve que ser devolvido porque não tinha as especificações técnicas corretas. Após mais dois meses, uma nova leva de caixas d’água e encanamentos chegou ao local, mas não houve até o momento o reinício das obras.
Os materiais estão expostos ao tempo e intempéries. Para evitar o extravio, um dos moradores acondicionou os encanamentos na “casinha” do relógio de luz, o que vem causando transtornos aos funcionários da concessionária de energia elétrica que fazem a medição de consumo. As caixas d’água também estão expostas ao tempo e têm acumulado água parada, podendo se tornar criadouros de dengue. Uma moradora chegou a ceder sua casa para guardar matérias que seriam usados num bloco inteiro. “As coisas estão lá ocupando meu espaço desde dezembro. Quero ver quem vai me pagar por isso”, reclamou Maria Nilva, 50 anos.
Em 2013, quando Lia Baiana apresentou a Moção de Apelo, as obras estavam paradas havia mais de dois anos em virtude de dificuldades financeiras enfrentadas pela empresa vencedora da licitação, conforme noticiado no Imprensa Livre. “A resposta enviada pelo gabinete do Governador já fala em outro problema, o do levantamento das caixas d’água. Não cita os problemas financeiros da empreiteira. O que acontece é que entra ano e sai ano e as pessoas que moram aqui não têm o direito de pagar um preço justo pela água que consomem”, disse Lia Baiana, que entrou em contato com a presidente da Câmara de Ilhabela, Gracinha Ferreira (PSD) e solicitou apoio para resolver a questão. Na próxima semana, Gracinha estará em São Paulo e vai aproveitar a oportunidade para entregar o ofício com os registros fotográficos de Lia Baiana contestando a resposta enviada pela Casa Civil.
“Se essa situação perdurar vai piorar muito. Os moradores estão tendo infiltrações nos apartamentos”, destacou a ex-vereadora.
Indignação
“Liguei há uns 15 dias para o chefe de obras da CDHU e ele me disse que não tinha previsão de quando iriam retornar porque a laje para colocar as caixas d`água não tinha sido aprovada. Essas caixas estão aqui virando criadouros de dengue”, disse a moradora Ana Paula Menezes, 31 anos.
“Tem gente que mora sozinha e paga um absurdo de água. Nem todo mundo paga em dia”, comentou o morador José Antonio Gomes, 60 anos. Graças a ele, que colocou cavaletes nos blocos em 2006, cada bloco tem uma conta. “Antes disso, a conta chegava a cerca de R$ 3 mil ao mês”, lembrou. “Disseram que concluíram a obra. Estão mentindo para o governador. E se eles não têm condições de fazer, nós, moradores, temos”, continuou.
“O fiscal da CDHU me garantiu que viriam aqui na terça para fazer a laje”, contou a moradora Adriana Cirilo, 35 anos.
CDHU
Questionada, a CDHU informou que a previsão de conclusão do sistema de medição individual era para janeiro deste ano, conforme ofício encaminhado pela Casa Civil. A leitura remota do consumo seria iniciada este mês, entretanto, durante a execução dos
serviços de levantamento das caixas d’água, verificou-se a necessidade de efetuar reforço na estrutura das mesmas. Após elaboração do projeto, a CDHU contratou uma empresa para fazer essa obra, que deverá ser iniciada hoje. Com isso, a expectativa é concluir todo sistema em aproximadamente 60 dias.
Fotos: Thereza Felipelli/ IL
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