A intocável

“:“A Petrobras é rica, está em ascensão, mas nem por isso os que estão em sua volta crescerão juntos, mesmo sendo verde e amarelos””

Leonardo Rodrigues

A Petróleo Brasileiro S/A, mais conhecida como Petrobras há tempos é a bola da vez. Não apenas na gestão da primeira mulher presidente do país, mas também com seu antecessor, a Petrobras recebeu investimentos altos, reformulações em sua imagem tanto fora, quanto dentro do Brasil, e é usado como meio de articulação para diversas ações políticas e econômicas.
A empresa estatal, tem em seu slogan “O petroleo é nosso” certa limitação, pois apesar de ser uma empresa nacional, é de economia mista, cujo acionista majoritário é o Governo Federal. A estatal fundada em 1953 opera hoje em 28 países, no segmento de energia, prioritariamente nas áreas de exploração, produção, refino, comercialização e transporte de petróleo e seus derivados, no Brasil e no exterior. Seu lema atual “Uma empresa integrada de energia que atua com responsabilidade social e ambiental” ignora e tenta reverter lembranças de acidentes ambientais tão corriqueiros no Litoral Norte em um passado não distante e ainda não esquecido para os moradores da região.
Sobre a economia da empresa, os números impressionam. A empresa está em segundo lugar no ranking das maiores petrolíferas de capital aberto do mundo. Em valor de mercado, é a segunda maior empresa do continente americano e a quarta maior domundo, no ano de 2010. Em Setembro de 2010, passou a ser a segunda maior empresa de energia do mundo, sempre em termos de valor de mercado, segundo dados da Bloomberg e da Agencia Brasil. Ficou famosa internacionalmente por ter efetuado em outubro de 2010 a maior capitalização em capital aberto de toda história da humanidade: US$ 72,8 bilhões (R$ 127,4 bilhões), praticamente o dobro do recorde até então, a dos correios do Japão (Nippon Telégrafos e Telefonia),com US$ 36,8 bilhões capitalizados, em 1987.
No entanto, a Petrobras trabalha com uma certa pressuposição: a de que a maoria de nós caiçaras temos memória fraca. Assim, o dito popular “quanto mais mexe, mais fede” é a linha de trabalho da estatal que não dá muitas satisfações e se isola, apesar de ocupar uma enorme parte do Litoral Norte o ignora. Vou explicar. Sobre acidentes ambientais ocorridos, nada se fala ou esclarece, sobre indenizações, como é o caso de moradores da Região Central de São Sebastião que apresentam problemas de saúde, as informações também são escassas e nada é divulgado. Aliás, uma empresa que toma metade do espaço físico do Centro de uma cidade, como São Sebastião, está muito a quem do que pode retribuir. Exemplos? O Sistema de Resposta para Emergências Externas –Apell. Aposto que muitos não sabem o que é. Caro leitor, se você passar na Região Central sebastianense perceberá alguns pontos com uma placa verde com traços brancos sem nada inscrito. Bem, essas placas servem como pontos de encontros para ajudar a população, caso haja algum acidente dentro da empresa. Você consegue diferenciar as sirenes em uma situação de risco? Saberia para onde ir? Sabe qual é o ponto de encontro mais próximo? Bem, adivinha de quem é a responsabilidade de ensinar e treinar a população em volta de suas dependências?
Ah, mas alguém deve citar o apoio que a empresa está dando à Prefeitura de São Sebastião para recapear trecho da avenida principal do Centro. Frente a isso, exponho minhas dúvidas se tal apoio existiria em outros trechos que não servissem como apoio logístico para caminhões a serviço da estatal. Mas tal pavimentação não é um bem à população? É, e parabenizo o prefeito que faz no Centro, mas também nas Costas Norte e Sul. Porém, a motivação do apoio da empresa à prefeitura na região central, beneficia primeiramente a si e como reflexo, também a população. Nem um simples projeto de marina para os pescadores sebastianenses a estatal consegue entregar. Não me refiro a obra, mas ao projeto. Aliás, o mais difícil, que é verba para a realização da obra, já foi obtido. O que não se pode dizer do projeto do empreendimento. O departamento de comunicação da estatal na região se resume a fazer clippings. O que também será o destino deste Editorial.
A nossa manchete da edição deste fim semana, traz a problemática de mão de obra vinda de outros Estados, que após as obras não retornam às suas origens e fazem residência aqui, geralmente em áreas irregulares, agravando o problema de ocupação em áreas de preservação ambiental. Mas o que se via em apenas em construções de condomínio de alto padrão, se faz presente em uma das construções da estatal que se diz exemplo, mas na prática... Enfim, a Petrobras é rica, está em ascensão, mas nem por isso os que estão em sua volta crescerão juntos, mesmo sendo verdes e amarelos. Isso porque nada é visto, ouvido ou falado contra a toda poderosa Petrobras. 



FONTE IMPRENSA LIVRE

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