Fim das sacolas plásticas

““Os governos poderiam fazer muito mais do que se juntar aos empresários para colocar um fim nas sacolas. Não são apenas elas a vilã da natureza””


Selma Almeida

Hoje, 25 de janeiro, é o prazo estipulado para dar fim as sacolas plásticas no supermercado. Um Termo de Cooperação assinado pela Apas (Associação Paulista de Supermercados) e Governo do Estado de São Paulo em maio de 2011 deu início à campanha “Vamos Tirar o Planeta do Sufoco” em todo o estado. Hoje, por ser aniversário de São Paulo, decidiram começar a fase de substituição das sacolas descartáveis pelas reutilizáveis, contra a cultura do descarte.
Segundo o diretor de sustentabilidade da Apas, João Sanzovo, a adesão dos 1.200 supermercadistas associados já passa de 95%. Contando com o apoio das maiores redes – Carrefour, Walmart, Grupo Pão de Açúcar, Coop e Sonda – e mais de 150 municípios, estima-se a eliminação de mais de 1,7 bilhão de sacolas descartáveis distribuídas no Estado de São Paulo a cada ano.
É de se elogiar a iniciativa do governo com empresários do setor, mas não podemos esquecer que a atitude tem outros lados. Que acabar com estas sacolinhas é um ganho ao meio ambiente, mesmo que pequeno, não temos dúvida. Sem contar os animais marinhos intoxicados e mortos com elas. Mas decididamente, não significa que a empresa está muito preocupada com a questão ambiental.
Vejamos por outro lado. Para se propiciar as sacolas plásticas, o supermercado tem um custo, que logicamente é repassado ao consumidor nos alimentos, mas e com as retornáveis? Haverá alguma redução nos preços? Além desta economia, a empresa também posa de protetora do meio ambiente, o que também traz um ganho.
Mas e o governo? Esta atitude ambientalista é uma agulha pequena dentro de um palheiro. Os governos poderiam fazer muito mais do que se juntar aos empresários para colocar um fim nas sacolas. Não são apenas elas a vilã da natureza.
A começar pela própria cidade de São Paulo, cuja medida começou no dia de seu aniversário. O maior município do país tem uma coleta seletiva de qualidade? A população aprendeu a reciclar corretamente seu lixo? Eles não estão mais nas ruas, entupindo bueiros e causando enchentes? Há uma campanha exaustiva de educação dirigida aos moradores? A reciclagem é feita dentro dos melhores moldes de qualidade?
O saneamento básico chega a todos sem exceção? Não há esgoto rolando pelas ruas e casas? E as garrafas PET? Já pensaram em dar um fim também a elas, que colaboram com a poluição? Em Ubatuba, por exemplo, um trabalho de limpeza dos bueiros, retirou quase 50 delas. Imagine quanto não seriam encontradas nos bueiros em São Paulo?
Não quero dizer com isso que não devemos se juntar ao uso das retornáveis nos supermercados. Eu mesma já virei adepta, mas não por que a Associação Paulista de Supermercados ou o governo decidiram. Mas porque sei que é ecologicamente correto e se junto a isso somar outras atitudes, sei que estarei colaborando por um mundo melhor.
O que quero alertar é que não devemos se iludir com esta atitude de empresários e governo, que deixam muito a desejar quando o assunto é não poluir. O importante é fazermos nossa parte e reivindicar ações constantes dos governos além desta.

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