Da série de entrevistas “Esporte Salva”, conheça a história da remadora Iasmim Moraes, que superou a dislexia com ajuda do esporte









Foto: Fabio Mota / CBSUP





“O esporte na minha vida tem um papel muito importante, é onde tudo se fez novo”, afirmou Iasmim



A história de hoje (10), da série de entrevistas “Esporte Salva”, é mais uma daquelas que emociona e mostra a mais comprovada força que o esporte tem no desenvolvimento da vida das pessoas.



A história desta segunda-feira é da multicampeã Iasmim Moraes, moradora de Ilhabela, do bairro Ilha das Cabras, que com apenas 18 anos coleciona diversos títulos importantes, como o tetracampeonato brasileiro na categoria Kids e o tricampeonato na categoria Júnior que disputou como remadora.



Quem a acompanha hoje, com tantos títulos, e a facilidade na prancha de stand up, não imagina a batalha que ela travou. “Quando a Iasmim estava na pré-escola, começamos a desconfiar das dificuldades dela, até porque ela andou e falou muito tarde. A partir daí começamos a batalha, passando ela em psicólogo, psicopedagogo, fonoaudiólogo e terapia ocupacional. Quando tinha seis anos, os médicos perceberam que ela tinha uma grande dificuldade na aprendizagem e foi indicada para passar no ‘neuro’. Procurei um médico em São José dos Campos, que a diagnosticou com dislexia”, lembra a mãe da atleta, Ana Morais, emocionada.



De acordo com a ABD (Associação Brasileira de Dislexia), a doença é considerada um transtorno específico de aprendizagem de origem neurobiológica. Pessoas com esse diagnóstico normalmente tem sintomas como dispersão, fraco desenvolvimento de coordenação motora, atraso do desenvolvimento da fala e da linguagem e dificuldade na coordenação motora fina e/ou grossa, sintomas que chegaram a abalar Iasmim na infância.



“No início mexeu com todos nós, porque infelizmente a sociedade descrimina as pessoas que tem dificuldade e não está preparada para entender as diferenças. Imagina você ir para escola e não conseguir aprender, ficar de lado, não sabia ler, escrever. Então eu, como mãe, fiquei em uma situação muito difícil, com os braços amarrados. Mas, tive que ser forte, porque eu tinha que ajudar minha filha a superar essa dificuldade”, lembra a mãe.



Orientada pelo médico, Ana colocou sua filha no esporte. O profissional acreditava que ia aumentar a autoestima de Iasmim e que seria bom para o desenvolvimento físico e intelectual dela.



Iasmim conta que no começo foi difícil. “O médico falou para minha mãe que ela tinha que procurar um esporte para mim. No começo foi difícil por conta de todas as limitações e dificuldades. Eu entrei no futebol e não deu certo, porque eu tinha dificuldade com memória, em saber qual era a esquerda ou direita, eu não conseguia, via todo mundo fazendo e eu nunca conseguia fazer. Fui para o ballet, mas também não deu certo, via todas as meninas fazendo certinho e eu fazendo errado”, conta, emocionada.



Mas, o que Iasmim não havia percebido, é que o remédio para tudo isso estava bem na sua frente, do outro lado de sua casa.



“Ela tinha o hábito de brincar na praia com o barquinho do meu pai, que era pescador, gostava de ficar em pé em cima do caiaque. Nós temos um quintal privilegiado e ela sempre gostou do mar. Foi então que um dia, no finalzinho de 2012, o Edivan comentou que ela tinha talento, se ele poderia trazer uma prancha para ela tentar ficar em pé. E na primeira vez que subiu, já ficou em pé”, conta a mãe.



Com ajuda do professor Edivan, a atleta foi gostando, cada dia mais, do stand up. Logo começou a representar a cidade em campeonatos da região e conquistar inúmeros títulos. Iasmim é incentivo para outras crianças, como sua irmã, Isttefany, que começou a fazer aulas de stand up e hoje, assim como ela, é uma multicampeã.



A eficácia do tratamento com auxílio do esporte é comprovada e até superou as expectativas do médico. A campeã fica tão à vontade em cima de uma prancha de stand up, que é praticamente impossível perceber os sintomas de dislexia.



“A Iasmim é uma guerreira, temos muito orgulho dela por ter passado toda essa luta e por se superar a cada dia mais. Eu lembro que o médico falava que era quase impossível ela ter tatos finos, habilidades com coisas finas, como o lápis e o garfo, mas ela conseguiu. Hoje, é alfabetizada, come de garfo e faca. Minha filha superou todos os limites, encarou e encara até hoje todas as dificuldades. Tenho muito orgulho”, completa a mãe.



Treinada pelo experiente técnico Américo Pinheiro, a remadora é a atleta mais jovem do circuito brasileiro, acima dela vem apenas sua irmã. A expectativa para essa temporada é boa, já que Iasmim começou muito bem no Circuito Brasileiro, ficando em quinto lugar na primeira etapa. Agora, a esportista se prepara para a segunda etapa, a ser realizada no final deste mês.



Questionada sobre a importância do esporte em sua vida, Iasmim não hesitou em dizer que a prática a salvou. “O esporte foi onde tudo mudou e se fez novo. Agradeço muito a Deus por tudo, por estar onde estou hoje, competindo com as melhores do Brasil, creio que até com algumas das melhores do mundo. O esporte foi onde tudo melhorou para mim; eu sou muito grata ela minha família, grata pela Prefeitura de Ilhabela, pela Secretaria de Esporte, por sempre nos ajudar, talvez eles não tenham noção da importância dessa ajuda. O esporte foi o responsável por me ajudar a vencer minhas limitações e dificuldades e conseguir conquistar coisas que nunca achei que conseguiria. Eu gosto de remar porque eu me sinto capaz, por ser uma coisa que você faz sozinha, por si, não depende de ninguém e nem nada, além do foco em seu objetivo. Hoje eu sei que eu tenho minhas limitações, mas eu sempre tento fazer o meu melhor”, finaliza Iasmim.





“Esporte Salva”

Essa é mais uma entrevista exclusiva da Secretaria de Esporte e Lazer da Prefeitura de Ilhabela, da série “Esporte Salva”. A ação tem o objetivo de relatar as inúmeras histórias dos esportistas beneficiados pelo Programa Bolsa Atleta do município, que mudaram completamente de vida depois que incluíram o esporte no seu dia a dia. São pessoas com histórias diferentes, mas com algo em comum: o amor pelo esporte.

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